A Água

Video: Paulo Henrique Silva

Conversar sobre A Água,
em tempos fora do comum

A temática da água, escolhida pela Rede de Museus e Coleções Visitáveis dos Açores, RMCVA, como fio condutor da sua exposição colectiva para o verão de 2020, foi desenhada, desde início, para corresponder a três desígnios:

– Ligar diversas entidades, com diversas tutelas, num projeto comum;
– Ligar, com uma ideia comum, entidades museológicas, distribuídas de um extremo ao outro do arquipélago dos Açores;
– Iniciar e mostrar como é possível um modelo de relação baseado na parceria e na colaboração abertas.

Pretendia-se mostrar o trabalho e o modo de ver de cada um, a multiplicidade de abordagens possíveis, a variedade e riqueza do património, cultural e natural, que se guarda nos Açores, seja em entidades museológicas, seja em coleções visitáveis, seja nas novas abordagens institucionais.

A sua realização previa, inicialmente, que cada participante organizasse uma exposição temporária, real e efetiva, por si e com a sua própria abordagem e museografia, com um calendário de exposição temporária, estendido ao longo do verão, desde maio/junho a setembro/outubro.

O elemento de ligação seria o tema comum, um logotipo comum e um catálogo comum. Ao mesmo tempo, seriam desenvolvidos uma versão digital do catálogo e virtual da exposição.

Em rede, portanto, coletivamente e de modo organizado, mas procurando garantir, sempre, toda a autonomia e individualidade dos atuais 16 membros, 13 museus e 3 coleções visitáveis.

Conseguiu-se, assim, que, desde conchas a pintura, desde maquinaria industrial a objetos do quotidiano, desde a paz à guerra, da arte à ciência, entre a água salgada e a água doce, com múltiplos e diversos olhares, fosse possível conceber e projetar uma exposição com dezena e meia de salas, espalhadas pelo arquipélago, permitindo que um viajante, um habitante, um turista, pudessem ser acompanhados, ao longo das ilhas ou numa determinada ilha, por este projeto que os unia a todos.

Eis que, em Março de 2020, estava o projeto já em andamento, surgiu “o novo coronavírus”, a Covid-19, e, depois, o confinamento!

Um museu, uma coleção visitável, um local onde se guardam, conservam, estudam, divulgam, elementos do património cultural e natural, baseia muita da sua ação na materialidade, mesmo quando esse material é, sobretudo, suporte de elementos do Património Imaterial. A sua essência é, mesmo, essa, a materialidade do que guardam e conservam, como ponto de partida para o que se queira discutir, questionar ou criar.

O desafio estava feito, perante esta nova e estranha situação: encontrar formas de comunicar e ser museu, local de informação, saber e inspiração, quando as portas estavam ou estariam fechadas ou entreabertas, e, por certo, na impossibilidade do convívio habitual.

A resposta, a possível do ponto de vista técnico e humano, baseada na capacidade, que costumamos entender como muito portuguesa, de saber encontrar soluções alternativas, no meio da maior das confusões, aqui está, resultado da qualidade técnica das equipas de todos os parceiros da RMCVA e do seu esforço continuado, e do apoio, inestimável, dos quadros técnicos disponibilizados pela Direção Regional da Cultura dos Açores.

Transferindo a versão física e real da exposição e o catálogo impresso para 2021, as energias voltaram-se, integralmente, para as possibilidades abertas pelo digital e o virtual, reunindo 15 dos 16 membros, sendo que os dois não presentes o foram por razões absolutamente atendíveis, não deixando, no entanto, de manifestar o seu apoio.

É assim que, em 18 de Maio de 2020, em plena crise, motivada por uma experiência humana e social completamente fora de todos os hábitos, a RMCVA apresenta, em nome de todos os seus membros, este trabalho coletivo.

Sejam bem-vindos!

A Comissão Executiva

Francisco R. Maduro-Dias
Luís M Menezes
Telma Joana Silva

Exposição Virtual

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